Perfil Nutricional de Escolares no Paraná: uma indicação da situação de pobreza e de caracterização regional
AMORIM, Suely, T.S.P.; RIGON, Sílvia A; FARIAS, Gisele; SOTLARSKI, Márcia C.
Introdução: O perfil nutricional de escolares pode sinalizar processos gerados nos diferentes territórios por determinantes econômico-sociais auxiliando na avaliação de políticas públicas. Este estudo é parte de um projeto sobre a avaliação do estado nutricional de escolares matriculados na rede pública estadual no Paraná, uma parceria entre o Departamento de Nutrição-UFPR e a Secretaria de Estado da Educação com apoio do CECAN-SUL. Objetivos: Identificar os municípios com maiores prevalências de má nutrição, apontando as mesorregiões do Estado em situação de maior vulnerabilidade. Material e métodos: A amostra por conveniência incluiu 13.202 escolares de 10 a 18 anos, matriculados em 324 escolas de 98 municípios de todas as mesorregiões. Tanto a baixa estatura, o baixo peso como o sobrepeso e a obesidade foram considerados como má nutrição. A baixa estatura foi identificada quando o escore Z do índice altura para idade da referência NCHS/OMS, foi < -2Z. Para o diagnóstico de baixo peso, sobrepeso e obesidade foi utilizado o IMC com a classificação da OMS. As mesorregiões consideradas de maior vulnerabilidade à situação de má nutrição foram aquelas, cujos municípios apresentaram prevalências superiores à média estadual. Resultados: As prevalências médias de baixa estatura, baixo peso, sobrepeso e obesidade no Estado, foram de 3,7, 7,0, 9,8 e 3,8% respectivamente. Dos 98 municípios com escolares avaliados, 35 apresentaram prevalências de baixa estatura e sobrepeso, enquanto 33 apresentaram prevalências de baixo peso e obesidade superiores às médias do Estado. A mesorregião Centro-Sul apresentou municípios com as maiores prevalências de baixa estatura, enquanto as de baixo peso foram observadas em municípios das regiões Centro Ocidental, Sudoeste e Norte Central; as maiores prevalências de sobrepeso e obesidade ocorreram em municípios das regiões Norte Central e Pioneiro, Oeste e Metropolitana. A taxa de pobreza do Estado é de 20,8% e cerca de 80% dos municípios estudados apresentaram taxas superiores a esta. Conclusão: Os resultados sugerem uma relação entre a má nutrição e a pobreza no Estado. Muitos desafios devem ser enfrentados para garantir a qualidade de vida a todos os paranaenses A promoção do direito humano à alimentação adequada justifica uma Política Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, com ações que modifiquem o quadro observado.